quinta-feira, 26 de março de 2009

PELA LEGALIZAÇÃO DAS DROGAS

Você já assistiu, certamente, a “Os Intocáveis”, ou a “O Poderoso Chefão”. Ou a qualquer filme que aborde os Estados Unidos da Lei Seca. Esses filmes não exageram em nada o clima de terror que reinava nas cidades americanas. A fabricação e a distribuição da droga álcool eram clandestinas. Nem por isso as pessoas deixavam de beber, nem de morrer por causa de doenças resultantes do vício. Todos sabiam onde o álcool estava mocozado. Iam lá, pagavam e levavam bebiam no próprio local. Fortunas se faziam em poucos meses e os pontos de distribuição eram disputadíssimos, a bala de metralhadora. A parte podre da Polícia, do Judiciário, do Ministério Público e da política em geral tinha sua participação nos lucros. A população assistia a tudo, impotentemente – isso quando uma bala perdida não obrigava um e outro a, literalmente, fechar (para sempre) os olhos. As pessoas já temiam sair para as ruas. Ante o retumbante fracasso da repressão (o crime organizado se fortalecia e se armava cada vez mais e melhor), e depois de um debate nacional a respeito, o Congresso se viu obrigado a revogar a Lei Seca.
O álcool passou a ser comercializado normalmente. Gente séria (como o bom pessoal da Ambev, da Kaiser, e da Skol) pôde montar seu bar, sua distilaria, cervejaria ou distribuidora, pagando impostos. Altos impostos, que podem ser utilizados em benefício da população, e sobretudo no tratamento dos que destroem sua saúde por causa da bebida, e ainda em campanhas de prevenção. Além disso, houve a regulamentação da propaganda e até mesmo – nos Estados Unidos é assim – delimitando, nas cidades, as áreas em que é permitido vender bebidas, seja em mercearias e supermercados, seja em restaurantes, drugstores e bares. Não aumentou o número de bebuns, nem de doenças decorrentes do álcool.
Pois o que ocorre com o álcool com a nicotina e outras drogas legais – as que são vendidas com receita médica, em farmácia – é exatamente o que ocorreria com a maconha, a cocaína e outras, se fossem legalizadas. Alguns iriam usá-las moderadamente, outros compulsivamente. Alguns seriam prejudicados pelo uso, talvez faltando ao trabalho, talvez pirando de vez em quando, talvez tendo de se internar. Outros se drogariam socialmente ou para acompanhar os amigos. Outros nunca se drogariam, ou apenas experimentariam, uma ou duas vezes na vida, e pronto. Isso, todo homem de bem sabe, já acontece.
Não é verdade que a violência vem do fato de as pessoas se drogarem. Claro, se ninguém comprasse droga os traficantes não teriam dinheiro para comprar armas. Mas os “remédios que dão alegria” existem em todas as sociedades, desde que o homem começou a manipular a natureza e a experimentá-la. Se não fosse a proibição, a disputa do mercado seria civilizada.
Amigos meus, talvez ainda mais ingênuos do que eu (que, sinceramente, não entendo por que não se está debatendo nacionalmente a legalização das drogas), tentam postar-se mais à esquerda, e dizem que a violência vem é da exclusão social, e que se as drogas forem liberadas o crime organizado vai praticar assaltos e seqüestros. Ora, o que os excluídos querem é a inclusão. Pagando altos impostos e com a distribuição controlada pelo Estado, o mercado de drogas não vai diminuir. Gerará empregos, e bons empregos, que apenas deixarão de ser clandestinos e perigosos, pois a disputa da distribuição será regulada pela administração pública.
Por mais que você possa não gostar deles, pelo menos os gerentes de supermercados e os farmacêuticos não ficam dando tiro na gente, pô.

Um comentário:

  1. Pois é, querido,nada a acrescentar. Brilhante!
    A "droga" é que essa regulamentação vai ferir interesses outros, maiores e mais lucrativos...

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