quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Maria Nívea Magalhães, cadê você?

Nívea Pedro Saturnino "Papai precisa dedicar-me uns versos..." era o verso que sempre me dizia e eu, por motivos fúteis e diversos, nunca lhe pude dar essa alegria. Eu era venturoso, ---- e a fantasia e os meus sonhos andavam tão dispersos, que eu nem pensava nos floreios tersos, nos requintes e galas da Poesia. Mas... minha filha moça... bela... um dia... (Nós: pais e esposo em lágrimas imersos) maugrado as nossas orações... morria ! E eu ficava e fiquei, fados perversos, neste mundo... a escutar... numa agonia: "Papai precisa dedicar-me uns versos..." ------- Pedro, um grande e pouco lembrado poeta brasileiro, era pai de meu amado professor Almo Saturnino Vieira de Magalhães, a quem devo a maior parte do meu imenso amor pela língua portuguesa. Já Almo, também um talentoso poeta, pôde em vida receber um belo soneto em decassílabos, que começava assim (cito de memória): "Herdaste todos os meus dotes, Almo...". Era meu amigo. Esperava-me para virmos até minha casa conversando depois das aulas do Colégio Londrinense. Tinha dois belos filhos - a suave Maria Nívea (homenagem à tia) e o Alminho. Desde o final da década de 50 não soube mais deles, e adoraria ter notícias. Rebelde, comunista, perseguido na nossa reacionária Londrina da época, Almo se foi para o Rio, onde o Google me diz que há um colégio com seu nome. Almo tinha uma voz delicada, quase feminina. Certa vez, num bar da Rua Paranaguá, próximo à minha casa, fazia compras quando dois homens mexeram com ele, por causa dessa suavidade no jeito de falar. Almo passou a mão numa garrafa, pelo gargalo, quebrou o fundo na mesinha de mármore e gritou firme "podem vir, seus palhaços!". Os malandros afinaram. Alminho não se lembra de mim, certamente, pois era uma criança na época. Almo já deve ter nos deixado, pelo tempo que passou. Mas eu daria tudo para encontrar a Maria Nívea e saber do que se passou com meu grande mestre e com a família nestes tempos todos...

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

PALESTRA RUY FERNANDO BARBOZA NA UNISUL (OBRIGADO, CINTHIA)

11/07/2012 PRATA DA NOITE
Memórias, polêmicas e conselhos do repórter Realidade .Em conversa com alunos de jornalismo da Unisul, o ex-repórter da revista Realidade Ruy Fernando Barboza conta histórias de derrota e vitória contra a censura por Cinthia Fraga, aluna do Curso de Comunicação Social da Unisul, SC "A figura quase insignificante daquele índio de pele escura assume uma grave imponência no palanque, os traços duros de seu rosto recortados contra o azul vivo do céu dos Andes.” Essa foi uma das frases do pequeno trecho de uma belíssima reportagem escrita por Ruy Fernando Barboza para a revista Realidade, em junho de 1972, lida pela professora Raquel Wandelli ao iniciarmos o encontro com esse experiente jornalista. O bate-papo aconteceu na terça-feira à noite do dia 8 de maio, no campus da Unisul Pedra Branca. A leitura de introdução serviu para mostrar quão sensível era o homem de cabelos grisalhos e sorriso fácil com quem iríamos conviver por quase três horas. Ruy Fernando Barboza é graduado em Direito e Psicologia, entretanto, trabalhou durante vários anos como jornalista em grandes veículos de comunicação, como no jornal Folha de S. Paulo, revistas Realidade, Quatro Rodas, Playboy, Nova e Veja. Também atuou em emissoras de rádio e televisão, além de implantar o curso de Comunicação Social da Universidade Estadual de Londrina, no Paraná. Hoje Ruy mora no Campeche, em Florianópolis, mas viaja constantemente a São Paulo, onde mantém projetos com publicações nacionais. A experiência adquirida durante anos de trabalho serviram de base para contar várias histórias e situações vividas por Ruy. “Quero tentar aprofundar um pouco alguns momentos do que aconteceu nessa minha história que eu acho que podem ser importantes para quem está estudando jornalismo hoje. São histórias de outras épocas que eu trouxe para os alunos, mas vim também para ouvi-los.” Ruy revela que, na revista Quatro Rodas, de conteúdo automobilístico, ele sofreu várias pressões de grandes empresas de automóveis que tentavam censurar suas matérias. Quando era editor chefe da Playboy, tinha que lidar com a censura política e a sexual, mas conta que, apesar disso, a revista apresentava matérias com discussões políticas de alto nível, bastante aprofundadas, contando com autores de primeira linha e entrevistadores muito bons. Ruy trabalhou também na TV Justiça, mas foi por pouco tempo, pois demitiu algumas pessoas e encontrou muitos problemas por causa disso. Segundo ele, tinha inúmeros projetos, mas como não quis “entrar no esquema”, teve que sair. Nada, porém, se compara ao trabalho desenvolvido por Ruy na revista Realidade. Seus olhos brilham e sua expressão muda quando ele fala dessa época. “Na revista Realidade, tudo era feito coletivamente; trocávamos ideias, fazíamos as reuniões de pauta para decidir as matérias e os planejamentos. E o mais interessante ainda estava por vir: saíamos às ruas e às vezes encontrávamos coisas inesperadas e surpreendentes. Nessa época, nós tínhamos tempo para realizar as reportagens, dinheiro para os custos e autonomia para criar, mudar a pauta, aprofundar os assuntos.” Ruy conta que foi a melhor coisa que ele fez e depois dessa experiência, sabia que nunca mais sentiria o mesmo prazer. “Eu gostava de defender o meu trabalho, dava palpites na legenda das fotos, nos títulos das matérias, em tudo.” A revista Realidade foi realmente muito marcante para o jornalismo e para a vida de Ruy. Sentado em frente aos alunos, entre perguntas e respostas, ele sempre retoma essa época e parece muito leve ao contar suas histórias, rever imagens de capas da revista e lembrar-se de fotos, entrevistados e textos que apareceram nas reportagens. Ele se entristece ao falar de como a revista declinou. “A Realidade ia muito bem até que a Editora Abril resolveu fazer uma revista semanal para criar uma presença mais forte no mercado editorial, surgindo assim, a revista Veja.” Ruy conta que ficou pouco tempo no novo projeto porque não gostou do jeito que começaram a fazer jornalismo. Relata que, no início, a revista era produzida com jornalismo de verdade, mas que depois foi entrando capital estrangeiro e isso foi interferindo nas decisões políticas, econômicas e editoriais da revista. “Na Veja, você recebia a linha central da matéria e tinha que ir buscar coisas na rua para se encaixar naquela definição que já tinha sido feita. Eu não concordei com esse método e saí.” Surgiram, algum tempo depois, muitas revistas e jornais no Brasil com o espírito da revista Realidade, como a revista Retratos do Brasil, o Jornal Movimento, o Jornal Opinião, a revista Caros Amigos, entre outros. Atualmente, sempre que é possível, Ruy contribui para a Retratos do Brasil, que é uma revista de esquerda, como ele bem define, de caráter independente, que se utiliza de pouquíssimos anúncios publicitários e diferentemente da revista Realidade, com orçamento bem pequeno. Quando o bate-papo estava se encaminhando para o final, com alguns alunos já indo embora e o horário avançando, o jornalista cria certa polêmica ao dizer que é contra a exigência do diploma para jornalistas. Segundo Ruy, não há necessidade de curso superior, pois acredita que se pode aprender jornalismo na prática, assim como ele fez. Faz questão de esclarecer que não está desanimando os estudantes, nem dizendo que a passagem pela universidade não é importante, mas que para ele os cursos de jornalismo teriam melhor qualidade se o diploma não fosse obrigatório. Acredita que sem a exigência não haveria por parte dos alunos a busca pelo diploma e sim a procura por uma formação melhor, por qualificação, por aprimoramento pela profissão pela qual são apaixonados. Finalizando a noite, Ruy diz que a grande imprensa é dona de muita coisa e vai defender o capital sempre, mas que há espaços para fazer um jornalismo diferente. Acredita que as empresas querem vender, mas que não é fácil manipular as pessoas o tempo todo. “É preciso assumir responsabilidades, fazer análises, dizer o que está acontecendo, aprofundar, ser incansável na vontade de mudar. Tem que tentar, ousar! Jornalismo é a arte de dizer o que é, o que causou e a sua importância. Eu acredito que o espaço é maior do que a gente imagina, mas se aparecerem situações em que precisamos brigar, nós vamos brigar. Devemos mexer na realidade, meter a mão na história.” E é com essa enriquecedora conversa que nós, futuros jornalistas, fomos embora, levando na memória esse encontro nos sentindo, como disse Ruy, cada vez mais felizes e culpados, culpados de olhar para tudo de um jeito profissional, com um olhar diferente, com olhar de jornalista!

terça-feira, 11 de setembro de 2012

PEDRO: PRIMEIRO NADO

para quem ainda não sabe: meu neto pedro chegou dia 4 de setembro às 8h30, em maravilhoso e perfeito parto na água. seu primeiro nado foi nas mãos do meu filho saulo, que com genial precisão cortou o cordão, e as águas continuaram e continuam rolando dos nossos olhos, como rolaram da minha filha-nora judia russa viviane, linda yemanjá de calorosa neve tropical. mais que felicidade, mais que alegria, júbilo, júbilo incessante, total e absoluto, incessante e incontornável, meus olhos continuam em pleno orgasmo!salve, pedro, o meu pedro, seus 3.675 gramas de suave e forte beleza, beijos, beijos, beijos deste avô completamente imbecilizado!

RELACIONAMENTO SÉRIO

RELACIONAMENTO SÉRIO "Relacionamento sério" é o das pessoas que só riem quando transam com outras. (Fernando Cury)

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

O ANO DO PEDERASTA

Paulo Azeviche me pergunta em que ano compus o Pederasta. Foi em 1969. Fiz "por encomenda", na verdade. Eu era editor da revista quatro rodas e a cantora Zezinha Duboc, que já ouvira umas músicas que eu compunha de brincadeira e cantava para os amigos - como "Procotolo", "Amada na Pia" e "Pato no Tucupi", que estão no Youtube - me perguntou se eu não queria compor algumas musicas humorísticas e de sacanagem para o Augusto Boal, que estava precisando material para montar um show novo do humorista Ari Toledo. Compus então a "Marcha do Pirulito", falando de sexo oral, a "Bom Jesus do Pirapora", sobre impotência, e "Pederasta". Gravei todas as brincadeiras numa fita, que a Zezinha entregou ao Boal. Só que Boal foi preso pela ditadura e, assim que foi libertado, fugiu para a França, só voltando depois da anistia, décadas depois, e o cassette com as músicas se perdeu. Só alguns anos atrás - depois de uma das minhas 16 cirurgias, decorrentes das sequelas pelo tiro de fuzil que levei no Rio de Janeiro em 2002 - o Ari Toledo, sabendo pelo meu amigo, o humorista Paulo Caruso, da existência das músicas, veio me visitar (eu ainda de cama, convalescendo da cirurgia), trouxe um violão e um violão e um gravadorzinho, me pediu para cantá-las e gravou tudo. Quem sabe elas ainda terão chance de cumprir seu destino histórico...

quarta-feira, 14 de março de 2012

COSTA E SILVA, BETINHO, PONTE RIO NITEROI E PROIBIÇÃO DE NOMES DE GENTE

ivan valente quer trocar o nome da ponte rio niteroi para herbert josé de souza, meu saudoso amigo betinho, velho companheiro (desde 1961) da ação popular, que cheguei a abrigar no seu tempo de clandestinidade e com quem eu falava horas por telefone sempre que viajava para o exterior, ele exilado no canadá; irmão do henriquinho, henfil, outro amigo querido.
nada que é público, porém, deveria ter nome de pessoa. nem deveria haver estátuas ou bustos de seres humanos em locais publicos.a maioria dos heróis é anônima. entre famosos, só há qualidade nas exceções. nem em santo eu confio. os nomes deveriam ser de bichos, flores, árvores, plantas, sentimentos, coisas que amemos e que falem do local ou da história. nunca gente. veja a beleza de nomes de pontes como dos suspiros, pontevecchio, ponte da amizade, e até cemitérios - dos araçás, da consolação, do caju, da saudade. Pra essa aí, Rio-Niteroi é um belo nome. Fui amigo e fã do betinho, que merece ficar na história, como nome do Ibase, por exemplo. mas acho que ele não quereria ser nome de ponte, muito menos ficar no lugar desse marechal aí, assim como jobim odiaria saber que é nome de passagem subterrânea em sampa.
eu tinha chegado a pensar que seria uma idéia interessante nomear as porcarias com os nomes deles - "Mictório e Cagadouro Público Emilio Garrastazu Médici", por exemplo, nos bannheiros químicos do carnaval, ou ainda "Aterro Sanitário Antonio Carlos Magalhães" nos lixões. Mas creio que qualquer exceção à regra de não utilizar nomes humanos é perigosa, pois nossos partidos são imundos sacos de gatos, e ia ser um tal de botar nome de desafeto em merda que a merda não ia dar pra todos....

DIPLOMA PARA JORNALISMO E ASSESSORIAS DE IMPRENSA

Campanha eleitoral no Sindicato. Recebo a mensagem da chapa 2. Simpatizei com o curriculum da Bia Barbosa, assessora do Ivan Valente. Belo sobrenome, dos dois! Pelo jeito, vai ser PSOL contra PT. Briga de centrais sindicais de partidos. Nada contra, é claro. Mas acho que os assessores de imprensa deveriam ter outro sindicato. Trabalhei e montei assessorias de comunicação, mas quem é da área sabe que não é jornalismo. Está mais na área da propaganda e das relações públicas. Embora professor da Cásper Libero e professor titular da UEL, cujo curso de comunicação planejei e implantei, discordo também da campanha e da exigência de diploma para o exercício do jornalismo. A exigência do diploma multiplicou e enriqueceu péssimas fabriquetas universitárias de jornalistas, inflacionou o mercado de gente diplomada e sem qualificação, piorou a qualidade média dos jornalistas, com isso aviltando os salários, e impediu mentes brilhantes de contribuir para o progresso do jornalismo. Se fizerem o mesmo com a profissão de pescador, vamos comer muito peixe estragado, enquanto bons pescadores potenciais irão trabalhar na industria da cachaça...

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

BRASILIA, A MAIOR MENTIRA BRASILEIRA

por ruy fernando barboza
A maior mentira brasileira é Brasília. Aquilo (chame de labirinto, monumento, brinquedo, arapuca, utopia, absurdo ou o que mais quiser – cidade é que não é) já nasceu como uma múltipla mentira, e como mentira sobrevive.

Tenho amigos queridíssimos em Brasília, e que amam aquilo. Um deles, doutor em transporte urbano, revelou-me que, na opinião de muitos urbanistas, Brasília será abandonada no futuro, por ser inviável. Ficará apenas como patrimônio da Humanidade (o que já é – um símbolo muito bonito do lado incompetente da humanidade) e monumento a Juscelino (o que ela sempre foi). As pessoas terão de ir pra outro lugar – um que seja habitável. Mesmo assim, meu amigo gosta de Brasília. Resisto um pouco a entender esse amor, mas o amor é assim mesmo, muitas vezes inexplicável. Não há pessoas que amam quem as espanca? Não há pessoas que amam morar no Alaska, na Sibéria, no alto do Himalaia, em Teresina, em Manaus, em plena selva, no deserto? Pois então, por que não em Brasília?

Haveria muito que falar, mas vou me limitar a poucas linhas e itens (se quiser saber mais, remeto você ao livro de 366 páginas “A Cidade Modernista”, do antropólogo estadunidense James Holston, publicado pela Companhia das Letras. O livro me ajudou a entender o engodo brasiliense, e baseia o que digo e cito aqui).

É mentira que Lucio Costa idealizou Brasília. O projeto que originou Brasilia – o de uma “cidade” vista como ideal, revolucionária e que tinha a pretensão de mudar as estruturas da sociedade, está (desde a década de 1920!) muito bem elaborado, em seu traçado e seus edifícios, por Le Corbusier e pode ser visto nos seus livros “Uma Cidade Contemporânea para Três Milhões de Habitantes” (de 1922) e “A Cidade Radiosa” (de 1930).

Este projeto foi consolidado como modelo, desde a década de 1930, pelo grupo de arquitetos e urbanistas denominado CIAM (a sigla vem de seus encontros periódicos, os Congrès Internationaux d’Architecture Moderne). O grupo, segundo afirma o próprio Le Corbusier em 1933, era composto por “sindicalistas catalães, coletivistas de Moscou, fascistas italianos e (…) especialistas técnicos de visão aguçada”. Nos seus manifestos e desenhos, está tudinho que Costa copiou. A começar pelo objetivo, explícito, de criar um novo tipo de cidade que criaria um novo tipo de sociedade, acabando com o capitalismo. Os planejadores de Brasília, assim, copiaram desde os princípios segundo os quais o planejamento urbano deveria levar em conta cinco funções da cidade: moradia, trabalho, lazer, circulação, e centro público (para a administração), e tudo isso baseado num zoneamento em que as funções se dividem em setores mutuamente excludentes em termos de ocupação territorial – gerando aquela maluquice que põe os postos de gasolina num extremo, as diversões em outro, a escola das crianças em outro, os restaurantes em outro, e por isso as avenidas larguíssimas separando tudo, e impedindo que se ande a pé.

O fato é que o projeto elaborado pela equipe de Le Corbusier e do CIAM é, com pequenas adaptações (a leveza do estilo da arquitetura de Niemeyer, por exemplo), o que é Brasília.

Estão lá os dois grandes eixos viários ( “para o tráfego de alta velocidade”, segundo o francês); as superquadras residenciais ao longo de um dos eixos; as áreas de trabalho ao longo do outro eixo; o centro público num lado do cruzamento dos dois eixos; e – se houvesse alguma dúvida – até mesmo o grande lago artificial para a area de recreação e o cinturão verde rodeando a cidade! Os croquis de Le Corbusier, de 1922 e 1930 não deixam margem a dúvidas, pois, repito, está tudo lá! E tudo isso foi escondido no “projeto” de Lucio Costa, que apresenta o plano como surgido espontaneamente, e fechado em si. Como uma idéia genial, em que muitos acreditam até hoje.

Outra grande fajutice foi, ao que tudo indica, o próprio “concurso” para a escolha do projeto de Brasilia. Não houve propriamente um concurso. A não ser formalmente. Houve um edital,um júri e concorreram 26 escritórios de arquitetura e urbanismo. Holston dá um exemplo de por que outros projetos, na justificativa do júri, foram rejeitados. A respeito do plano do escritório MMM Roberto, o júri reconheceu que nunca no mundo fora feito “um plano mais abrangente e profundo para uma nova capital em sitio aberto”, mas seria preciso gente demais para executá-lo! O plano do ecritório MMM Roberto tinha “séries de plantas, volumosas projeções estatísticas sobre crescimento populacional e econômico, além de planos detalhados para a administração e o desenvolvimento regional”. Talvez se esse tivesse sido o plano escolhido, o Distrito Federal não seria hoje o desastre que é – um Plano Piloto onde a renda media dos habitantes é uma das maiores do mundo (paga por nós, contribuintes brasileiros) e onde não há pobres, pois estes só podem habitar os imensos favelões das cidades satélites, dominadas pela miséria, o banditismo e a violência.

O representante do Instituto dos Arquitetos do Brasil rompeu com o júri e declarou, na época (1957) que um júri sério jamais teria aprovado o “plano” de Lucio Costa, que mais parecia uma grande brincadeira.

Lucio Costa apresentou, conta Holston, apenas “cinco cartões contendo quinze croquis a mão livre e um breve texto de 23 itens”.



E mais: “nenhuma linha de desenho técnico, nenhuma maquete, estudos de uso da terra, mapas demográficos ou esquemas para desenvolvimento econômico ou organização administrativa – em suma nada senão a idéia”(ainda por cima copiada, como vimos) “de uma capital”! Mas o júri se declarou encantado com o malandro texto de Costa, verdadeira poesia, “lírica e impactante”.

Deu no que deu.

RUY FERNANDO BARBOZA , jornalista, psicólogo e advogado, é editor de Texto da revista Retrato do Brasil. Como psicólogo, formou em Brasília, nos anos 90, monitores para um programa de apoio emocional a pacientes de câncer e familiares. Dirigiu em Brasilia a Rádio e a TV Justiça, do Supremo Tribunal Federal, em 2010, por cinco meses. Mais não agüentaria. Espera não ter de ir de novo ao Distrito Federal, a não ser para ver os grandes amigos que tem lá – e que gostam de Brasília.
(publicado originalmente no blog "Fora de mim", da Elza Tamas)
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quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

dos males de certa militância

amigos militantes: é possível - saibam - fazer politica sem tanta aliança feia nem tanta mentira a respeito do outro lado. e jornalismo também. garanto. e não adianta me xingar de petista, de tucano, de psolista, lulista, efeagaísta, delmista ou serrista. nem de jornalista. exceptuando-se o malufismo, o demismo, o racismo, o nazifascismo, o homofobiismo e o militarismo, poucos ismos deixam de ter um lado bom. ruy