Meu noivo tem se envolvido com
transações ilícitas, pagamento de propinas e troca de favores dentro de
instituições públicas. Como posso separar a nossa vida pessoal dessas
atividades que, se descobertas, podem comprometer nosso futuro?
Ninguém
consegue tal separação entre vida pessoal e profissional. Há um grau de
concessões que todos temos de fazer para manter empregos e relacionamentos, mas
cada um sabe até onde pode ir sem comprometer o próprio senso moral e, em
última análise, a saúde, pois os conflitos entre comportamento e emoção ocorrem
em nosso corpo. Há um descompasso de valores pessoais entre você e seu
namorado, e os seus são os mais saudáveis. Converse longamente com ele sobre as
experiências que ambos tiveram na vida, para entender por que o homem que você
ama, e que a ama, está fazendo essa escolha. Assim ele terá a chance de rever
seu comportamento e perceber que pode encontrar outro trabalho ou emprego – no
qual poderá ganhar menos, mas terá mais bem estar, saúde e (com você) um
relacionamento mais gratificante.
Perdi meu pai quando criança e
aprendi a ser muito independente. Cuido do carro, troco pneu, vou ao mecânico e
meu namorado não ajuda em nada. Não ligo, mas minha mãe diz que ele não
consegue acompanhar minha força.
Provavelmente,
sua mãe está preocupada com o futuro da relação, e nisso ela tem razão. Caso
vocês pretendam evoluir do namoro para uma relação mais profunda e,
eventualmente, para um casamento, esse descompasso entre você e seu namorado
terá de ser atenuado. Você parece ter muito orgulho de não precisar de ninguém,
e até agora viveu bem assim. Ótimo. Não há nada errado em ser forte. Mas
ninguém é realmente forte o tempo todo, e nisso não há também nada de errado. Todos
nós passamos por momentos em que precisamos de ajuda, e é saudável reconhecer
essa necessidade e pedir, ou mesmo exigir, que nosso parceiro nos dê apoio. Ele
pode aprender a ser mais forte e você a respeitar sua própria vulnerabilidade.
Observe melhor e mais atentamente seus sentimentos e perceberá em que situações
quer ser cuidada e ajudada. Mesmo que no começo seja difícil, por causa do
conflito entre a necessidade e o orgulho, peça atenção e ajuda. Com isso estará
construindo uma relação em que os direitos serão iguais, a convivência mais
harmônica e haverá menos cobrança de parte a parte.
Tenho 35 anos e namoro um rapaz de
vinte. Tenho minha casa, meu trabalho, sou tranquila e experiente. Ele, ao
contrário, ainda estuda, depende dos pais, gosta de baladas e é infantil. O
maior problema: não posso ter filhos, e ele sonha em ser pai. Sexualmente nos
entendemos muito bem, mas temo o futuro, embora ele diga que nunca amou tanto
assim e eu não consiga me imaginar sem ele. Vale a pena investir nessa relação?
Cuidado:
se você não pode ter filhos, corre o risco de fazer do seu namorado um filho. E
nesse caso, a relação só funcionará bem enquanto ele não se tornar adulto. Por
outro lado, nada impede que a relação perdure, aparadas as evidentes arestas –
o impasse ter ou não filhos, por exemplo, tem de ser resolvido, e só se
resolverá se ele, de verdade, desistir de ser pai. Não passem por cima dessa e
das outras diferenças. Atentem ambos também para o fato de que ele vai mudar
muito na medida em que se realize profissionalmente e amadureça emocionalmente.
É provável que, dos 35 aos 50, você mude muito menos do que ele dos 20 aos 35.
Você, ele e o relacionamento (nessa ordem) terão de saber se adaptar a essas
mudanças. É claro que haverá também certa dose de torcida contra por parte de
alguns amigos e parentes, pois ainda há bastante preconceito contra a união da
mulher madura com um jovem – e ele precisa, mais do que você, estar bem
consciente do que quer e preparado para não se deixar influenciar.
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