sexta-feira, 12 de julho de 2013

NAMOROS DEFEITUOSOS

Meu noivo tem se envolvido com transações ilícitas, pagamento de propinas e troca de favores dentro de instituições públicas. Como posso separar a nossa vida pessoal dessas atividades que, se descobertas, podem comprometer nosso futuro?
Ninguém consegue tal separação entre vida pessoal e profissional. Há um grau de concessões que todos temos de fazer para manter empregos e relacionamentos, mas cada um sabe até onde pode ir sem comprometer o próprio senso moral e, em última análise, a saúde, pois os conflitos entre comportamento e emoção ocorrem em nosso corpo. Há um descompasso de valores pessoais entre você e seu namorado, e os seus são os mais saudáveis. Converse longamente com ele sobre as experiências que ambos tiveram na vida, para entender por que o homem que você ama, e que a ama, está fazendo essa escolha. Assim ele terá a chance de rever seu comportamento e perceber que pode encontrar outro trabalho ou emprego – no qual poderá ganhar menos, mas terá mais bem estar, saúde e (com você) um relacionamento mais gratificante.

Perdi meu pai quando criança e aprendi a ser muito independente. Cuido do carro, troco pneu, vou ao mecânico e meu namorado não ajuda em nada. Não ligo, mas minha mãe diz que ele não consegue acompanhar minha força.
Provavelmente, sua mãe está preocupada com o futuro da relação, e nisso ela tem razão. Caso vocês pretendam evoluir do namoro para uma relação mais profunda e, eventualmente, para um casamento, esse descompasso entre você e seu namorado terá de ser atenuado. Você parece ter muito orgulho de não precisar de ninguém, e até agora viveu bem assim. Ótimo. Não há nada errado em ser forte. Mas ninguém é realmente forte o tempo todo, e nisso não há também nada de errado. Todos nós passamos por momentos em que precisamos de ajuda, e é saudável reconhecer essa necessidade e pedir, ou mesmo exigir, que nosso parceiro nos dê apoio. Ele pode aprender a ser mais forte e você a respeitar sua própria vulnerabilidade. Observe melhor e mais atentamente seus sentimentos e perceberá em que situações quer ser cuidada e ajudada. Mesmo que no começo seja difícil, por causa do conflito entre a necessidade e o orgulho, peça atenção e ajuda. Com isso estará construindo uma relação em que os direitos serão iguais, a convivência mais harmônica e haverá menos cobrança de parte a parte.

Tenho 35 anos e namoro um rapaz de vinte. Tenho minha casa, meu trabalho, sou tranquila e experiente. Ele, ao contrário, ainda estuda, depende dos pais, gosta de baladas e é infantil. O maior problema: não posso ter filhos, e ele sonha em ser pai. Sexualmente nos entendemos muito bem, mas temo o futuro, embora ele diga que nunca amou tanto assim e eu não consiga me imaginar sem ele. Vale a pena investir nessa relação?

Cuidado: se você não pode ter filhos, corre o risco de fazer do seu namorado um filho. E nesse caso, a relação só funcionará bem enquanto ele não se tornar adulto. Por outro lado, nada impede que a relação perdure, aparadas as evidentes arestas – o impasse ter ou não filhos, por exemplo, tem de ser resolvido, e só se resolverá se ele, de verdade, desistir de ser pai. Não passem por cima dessa e das outras diferenças. Atentem ambos também para o fato de que ele vai mudar muito na medida em que se realize profissionalmente e amadureça emocionalmente. É provável que, dos 35 aos 50, você mude muito menos do que ele dos 20 aos 35. Você, ele e o relacionamento (nessa ordem) terão de saber se adaptar a essas mudanças. É claro que haverá também certa dose de torcida contra por parte de alguns amigos e parentes, pois ainda há bastante preconceito contra a união da mulher madura com um jovem – e ele precisa, mais do que você, estar bem consciente do que quer e preparado para não se deixar influenciar.

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