sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

quase fiquei rico

e então está praticamente - embora minha vida ultimamente tenha tido muitas reviravoltas de ultima hora - decidido que domingo vou pra casa, onde ficarei, durante mais 5 meses, tomando antibióticos de 12 em 12 horas - ministrados pelo home care do meu plano de saúde. o home care exige que haja alguém comigo, durante as visitas deles, os tecnicos de enfermagem. estava dificil de conseguir alguem para dois horários assim distantes um do outro - tipo duas ou tres horas de manhã, mais duas ou tres à noite. pensei primeiro em baby sitters - afinal, a constituição de 88 acabou com as restrições e limites de idade para um monte de coisas, acho que tenho direito a uma baby sitter tanto quanto uma criança. e vê se não começa a por essa mente maliciosa pra funcionar, imaginando coisas. eu não queria nada demais das baby sitters. só quero ter o mesmo direito que as crianças têm: ver um dvd comigo, me dar de mamar, me dar um banhinho e me por pra dormir. não está bom? mas acabei conseguindo uma pessoa ótima, acostumada a cuidar de moribundos - como nao esou moribundo, melhor ainda, não é mesmo? mas, antes de conseguir, cheguei a pensar em outra solução: como muita gente com grana frequenta o hospital onde estou, eu podia trocar de lugar com um deles que estivesse morrendo - seria simples, eu dependeria apenas da boa vontade de um dos técnicos aqui, que podia trocar minha pulseirinha de identificação com um deles. aí o ricaço morria e pensavam que era eu, e enquanto isso eu iria para a casa dele, aproveitar as boas instalações e o bem estar que ele construíra ao longo da vida. no começo a familia podia estranhar um pouco, ele (eu) chegar, bem nutrido, feliz, em boa forma fisica, sorridente, apesar de mancando da perna esquerda. é claro que eu ia atribuir as mudanças físicas à uteí, aos tratamento, às cirurgias, enfim, ninguém passa perto da morte e sai com a mesma cara. em pouco tempo, porém, eles iriam me adorar, e louvar a deus por ter me dado essa segunda chance. tenho certeza de que eu faria excelente uso da fortuna dele, alem disso com acentuada preocupação ecológica e responsabilidade social. o quê? voce acha isso antiético? nem pensar. afinal, quem morre e doa fígado, coração, rim etc., não está prestando um nobre serviço à humanidade, salvando uma vida? eu estaria fazendo muito mais: estaria doando meu corpo inteiro - apesar das sequelas da bala e da bactéria, que iria junto -, e ainda por cima com vida! quer coisa mais linda, mais nobre, mais generosa e solidária?
bem, mas como consegui uma pessoa bacana pra dar plantao lá em casa, minha segunda chance - de enriquecer com ética - fica pra outra vez.
VAI VAI
pra quem acreditou que eu iria mesmo sair na vai vai, corrijo: só vou torcer pela escola do bairro. é que eles não precisavam de nenhum destaque com a minha fantasia, de pirata da perna de pau e facão, gritando do alto da popa, opa, homem não.

Um comentário:

  1. Caro Ruy, nos encontramos algumas poucas vezes na casa de amigos comuns: Paulo Cannabrava Filho e Bia. Estou torcendo de verdade para sua rápida recuperação. Como você, fui vítima de uma tentativa de assalto que resultou num balaço no meu punho esquerdo. Era pra ser na cabeça. Mas, você sabe, aquele instinto de sobrevivência sempre está presente. E no lugar da cabeça, protegida pelo braço, a bala se alojou no punho esquerdo. Como jornalista, achei que nunca mais estaria apta a escrever só com a direita. Me recuperei e estou aqui pra manifestar toda a minha solidariedade e carinho para você. Aguente firme, pois somos talhados em aço. Dos especiais. Tenho acompanhado seu blog e acabo de enviar a seguinte mensagem aos amigos comuns:

    Queridos e saudosos,
    Não sei se vocês sabem, mas o Ruy Fernando Barboza – com o qual tive alguns poucos contatos na casa de vocês e que admiro muito – esteve novamente internado por conta do metralhaço sofrido há alguns anos. Para aplacar a dor de nova cirurgia, entre as várias sofridas, Ruy, no hospital, está escrevendo no seguinte blog: http://ruyfernandobarboza.blogspot.com/

    É estupendo como ele encara a sua situação. Admiro muito a sua alegria pela vida e torço para que saia mais dessa. Tenho certeza que, em breve, nos encontraremos na Rua Fábia, onde as portas não se fecham para os verdadeiros amigos.

    Não sei se neste carnaval vocês, Bia e Paulo, estão em São Paulo. Mas acho importante comunicar a situação do Ruy a vocês. Até acredito que estejam acompanhando mais do que eu, admiradora do Ruy à distância, porém sempre presente.

    Beijos grandes
    Luzia

    Ruy: aceite meu carinho e votos para plena recuperação.

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