O CORNETEIRO QUASE SEM CALÇAS
O ano deve ser 1967. Costa e Silva já era o sucessor de Castelo Branco na Presidencia. Eu era repórter politico na folha de s. paulo. a poucos metros da nossa editoria, ficava a da folha ilustrada. ali se sentava o falastrão colunista socil José Tavares de Miranda, pernambucano de nascimento, e que, comunista quando jovem estudante de direito na sao francisco, morara na casa dos Silva Telles e era amigo de Goffrredo e Inácio, embora Inácio na época fosse integralista. Tavares caminhou para a direit e, em 1964,apoiou o golpe militar e tonou-se amigo de Costa e Sillva, que votou em Tavares quando de sua fracassada candidatura a deputado federal em 1966. Bem,Tavares se intitulava Zé Corneteiro, dizendo-se o Corneteiro da Revoluçao. Desnecessário dizer o quanto o detestávamos. Na mesma medida,simplesmente adorávamos o velho Aristides Lobo, meu padrinho de casamento, velho militante de esquerda, preso 29 vezes pela ditadura getulista, tradurtor de Rabelais, trotsquista desde que, em 1938, Leon Trotsky rompeu com o PC soviético e fundou a chamada Quarta Intenacional. Já por volta dos 70 anos e bem mais velho que Tavares, Aristides então se dizia anarquista. Era de uma coragem a toda prova e desprezava as bobagens que Tavares dizia na redaçao, defendendo a direita. Mas nunca se recusou ao desagradável trabalho de copidescar seus textos, recheados de invencionices bobas como era costume dos colunistas sociais da época , colando com cuidado uma lauda na outra, fazendo titulinhos e editando as noticinhas sociais e politicas com que Tavares puxava o saco de granfinos e generais. Um dia Tavares resolveu adotar o neolgismo "de bate-pronto", significando rapidamente, imediatamente ou algo parecido. Citando algo que alguém perguntara, escreveu na coluna "e eu, de bate-pronto, respondi...".
Editando a coluna,e Tavares não estando presente para ser consultado, Aristides achou que tinha sido um cochilo de Tavares e substituiiu "bate-pronto" por "bate-papo". Pra quê...
No começo da tarde seguinte, Tavares irrompeu como um leão ferido na redaçao,aos berros, querendo saber quem editara sua coluna no dia anterior. Aristides se levantou, já também gritando, "Fui eu, por quê?"
"Você trocou bate-pronto po bate-papo, desrespeitando o meu estilo".
"Porque bate-pronto não existe, é besteira. E o seu estilo 'imbecil" - disse, firme, Aristides, e, não contente, acrescentou, avançando para o Tavares de Miranda:
"Voce é um palhaço, um moleque, e o máximo que merece é que eu tire as suas calças. E vou tirá-las JÁ!".
Agarrado, creio que por Aroldo Chiorino, Americo Mendes e Lenita Minda de Fiqueiredo (eu e Adones de Oliveira ajudamo), Aristides não chegou a tirar as calças do assustado Tavares, que achou melhor se retirar temporariamente da redação. Dia seguinte, comendo na casa de Aristides (meu vizinho na rua Maria Antônia) uma boa refeição macrobiótica e comentando o episódio, sua linda mulher, Carolina, lhe perguntou se ele de fato iria tirar a calça de Tavares. Ele respondeu,sério e maroto ao mesmo tempo:
- Não tenha a menor dúvida. Tão certo quanto o fato de que jamais vão me dar de novo aquela coluneca pra preparar!
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grande ruy,
ResponderExcluirpelo relato bacanudo, imagino que tudo esteja bem contigo.
abraçsonoros e pacíficos
teu fã