quarta-feira, 29 de agosto de 2012
O ANO DO PEDERASTA
Paulo Azeviche me pergunta em que ano compus o Pederasta. Foi em 1969. Fiz "por encomenda", na verdade. Eu era editor da revista quatro rodas e a cantora Zezinha Duboc, que já ouvira umas músicas que eu compunha de brincadeira e cantava para os amigos - como "Procotolo", "Amada na Pia" e "Pato no Tucupi", que estão no Youtube - me perguntou se eu não queria compor algumas musicas humorísticas e de sacanagem para o Augusto Boal, que estava precisando material para montar um show novo do humorista Ari Toledo. Compus então a "Marcha do Pirulito", falando de sexo oral, a "Bom Jesus do Pirapora", sobre impotência, e "Pederasta". Gravei todas as brincadeiras numa fita, que a Zezinha entregou ao Boal. Só que Boal foi preso pela ditadura e, assim que foi libertado, fugiu para a França, só voltando depois da anistia, décadas depois, e o cassette com as músicas se perdeu. Só alguns anos atrás - depois de uma das minhas 16 cirurgias, decorrentes das sequelas pelo tiro de fuzil que levei no Rio de Janeiro em 2002 - o Ari Toledo, sabendo pelo meu amigo, o humorista Paulo Caruso, da existência das músicas, veio me visitar (eu ainda de cama, convalescendo da cirurgia), trouxe um violão e um violão e um gravadorzinho, me pediu para cantá-las e gravou tudo. Quem sabe elas ainda terão chance de cumprir seu destino histórico...
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